domingo, 31 de outubro de 2010

UM MOMENTO HISTÓRICO NO NOSSO BRASIL BRASILEIRO

    SIM! Pela primeira vez na história do nosso país, no dia 31 de outubro de 2010, uma mulher chega ao cargo máximo que uma pessoa pode atingir! A eleição de Dilma representa não só a derrota um facista como o Serra, mas uma  vitória de uma Luta travada há anos pelas feministas deste país. País este que até um tempo atrás se quer votar nos podiamos, e hoje alcaçamos  ápice da carreira política!!!
    Claro que não podemos ser ignênuos em imaginar que ela fará uma diferença estrondosa na atual conjuntura, tendo em vista que seu vice é Michel Temer do PMDB, e é cercada de políticos direitistas em cargos de confiança, sem contar nos eleitos a deputados e senadores, mas agora cabe a nós, seus eleitores ou não eleitores, cobrar o cumprimento de seus compromissos eleitoreiros e outras necessidades nacionais.
    Pois precisamos aprender e colocar em prática que a política não é limitada ao Distrito Federal, mas toda uma população que são seus mantenedores, afinal quem paga os salário deles são nossos impostos (altissimos por sinal) e por tanto eles nada mais são do que nossos funcionários e devemos atuar como seus patrões e não como suas cabeças de gado que vão ao seus donos mandam!!!

domingo, 24 de outubro de 2010

Fabricas de medo!!!


Medo, insegurança, desconfiança, solidão... Esses são alguns dos sentimentos que assolam o dia a dia das pessoas nos últimos tempos.Todos vivem receosos de serem a próxima vitima nas mãos de “marginais covardes” que invadem seu mundo e lhe rouba o que com tanto esforço (as vezes não muito) adquiriram.
Vivem enjaulados, como se grades físicas, impedissem de serem roubados, não se dando conta que o pior roubo que sofrem é o roubo de sua liberdade.
Se questionados, quase sempre se dizem livres, mas será que sabem o real significado da liberdade?
Não, no sistema econômico (capitalismo) em que vivemos não existe a real liberdade, não existe o poder pleno sobre si mesmo, existe sim, uma liberdade, a liberdade de se consumir o que se é posto a consumo, alias é neste sistema que tudo vira mercadoria, tudo se pode comprar desde que se tenha dinheiro.
Este sistema que vive de explorar o individualismo do ser humano, chegando muitos a se revelarem verdadeiros bichos escrotos, capazes de matar (direta ou indiretamente) para satisfazer sua ganância.
E ainda sim, temos a ilusão de sermos livres e realmente somos livres. Somos livres para ir e vir dentro do território delimitado, ou pelo espaço que o seu dinheiro lhe garantir. Livre para votar nos candidatos já pré escolhidos. Livre para comer o que se é previamente separado. Livre para vestir o que a moda lhe coloca. Livre para seguir os padrões impostos para a classe na qual nasceu. Livre para ser educado e não verdadeiro.
Mas não satisfeito com tanta liberdade concedida, agora nos dão a liberdade de escolher as tecnologias que nos protege da violência, quanto mais dinheiro você tem, mais seguro pode ficar, desde que se gaste fortunas com carros blindados, com circuitos internos, com brutamontes armados que te sigam 24hs.  Afinal não é lucrativo para as grandes  empreendedoras neste novo ramo, que continue acontecendo crimes dos mais diversos? Não é lucrativo para o ramo automobilístico que carros continuem sendo roubados?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tentando entender a economia brasileira dos anos 80


A espoliação do povo brasileiro não é uma “dádiva” dos últimos governos, é um fruto semeado desde o primeiro governo militar (1964) que continuou a política econômica internacionalista de JK, aumentando o PIB para níveis altíssimos, concentrando cada vez mais a renda nas mãos de poucos.
Foi no governo militar que se ocorreu o conhecido “milagre econômico”, onde o grande crescimento da economia brasileira deu-se através de um Estado participativo, que controlava além das obras e serviços, a mineração, a produção petroquímica, transportes ferroviários, energia e comunicação, sendo um grande gerador de empregos. Além das multinacionais que vieram para o país, atraídas pelos incentivos fiscais e mão de obra barata, o que diminuía significativamente os custos na produção.
O Estado também investiu no setor agrícola para aumentar as exportações, fornecendo isenções, financiamentos, desvalorização da moeda, aumentando muito a extensão de terras cuja produção era voltada somente para a exportação, já que os baixos salários não permitiam que o mercado interno consumisse tudo o que se produzia, e não era interessante para a burguesia aumentar o poder de compra interno, já que para isso se fazia necessário um aumento salarial para a classe baixa, o que diminuía a lucratividade dos produtores.
Porém, durante os anos 70, o “milagre econômico brasileiro” teve um declínio devido a um período de retração na economia capitalista, período esse agravado pelos altos preços do petróleo no mercado internacional. Os países subordinados à tecnologia estrangeira e dependentes da exportação de produtos primários e empréstimos externos, foram os mais afetados, o Brasil inclusive, já que a inflação tornou-se incontrolável, os investimentos passaram para o setor financeiro e a queda na exportação foi acompanhada pelos gastos com as importações e a fim de sustentar o desenvolvimento econômico através de grandes projetos o governo fazia empréstimos com juros altíssimos.      
Os juros altos e o pagamento de royalties pela tecnologia estrangeira contribuíram para o crescimento do endividamento do país. No inicio de seu governo, Figueiredo propunha, através do III Plano Nacional comandado por Delfim Neto, a continuidade do crescimento econômico e o controle da inflação a partir de uma expansão agrícola e um aumento das exportações. Entretanto, internacionalmente, devido à recessão, houve uma queda das exportações brasileiras e um consequente aumento do preço dos importados necessários para a produção industrial. Com a queda nas vendas, principalmente automobilística, várias empresas baixaram sua produção e demitiram muitos funcionários  e ao invés de crescer a economia brasileira apresentava recessão, tendo o governo que optar por mais empréstimos para solução desse quadro, priorizando o pagamento dos juros da dívida a fim de mostrar-se capaz de solucionar suas dificuldades financeiras e manter assim créditos junto ao FMI.
O Brasil, no inicio de 1983 assinou com o FMI uma “carta de intenções” que lhe impunham algumas metas a serem cumpridas, tais como a redução do crédito, do déficit público, dos subsídios, a desvalorização da moeda e a restrição aos aumentos de salários, para atender a tais exigências o governo controlava as negociações salariais e através de leis, além de diminuir o valor real dos salários também distribuía as perdas entre as diversas faixas salariais.
Porém essas medidas somente agravaram a tensão já existente entre os trabalhadores e o Estado, levando a greve para outros seguimentos além dos operários, como professores, médicos, funcionários públicos que exigiam aumentos condignos, estabilidade de emprego e reconhecimento de representações nos locais de trabalho. Apesar das greves, a inflação só continuava a subir, permanecendo em crescimento, apenas o setor agrícola por causa das exportações de produtos como soja, café e cacau. A construção civil, a comunicação e os transportes foram outros setores diretamente atingidos principalmente pelo controle do déficit público, já que dependiam diretamente das encomendas dos setores públicos, o que aumentou ainda mais o desemprego.
Com a continua exploração dos trabalhadores e consumo de 90% da riqueza por eles produzida, pela dívida externa, o caos estava instaurado, já que em grandes centros urbanos, os desempregados em forma de protesto e desilusão com uma postura do governo frente a sua situação, saqueavam lojas durante passeatas. Na área rural, aumentavam-se os conflitos de terra, culminando numa greve de cerca de 150 mil bóias frias no interior de São Paulo por quatro dias. Assim, a impopularidade do governo crescia juntamente à inflação e inúmeros escândalos vinham à tona envolvendo empresários e banqueiros favorecidos pelas medidas adotadas pelo governo.
Em 1985, José Sarney assume a presidência do país, herdando a maior divida externa do mundo, e apesar de suas primeiras medidas darem a impressão que poderiam realizar grandes reformas sociais, tais como o Plano Nacional de Reforma Agrária decretado em 1985, logo se tornou claro que tal reforma carecia de bases políticas, o que não se teve, já que recebera inúmeras emendas no legislativo, partidas de políticos opositores, na maioria donos de grandes propriedades de terra, e não sendo levado ao conhecimento dos trabalhadores rurais para que o defendessem.
Com a nova Constituição, a redistribuição de terra continuou sob o controle estatal, o que não garantia uma “função social”, mesmo com o crescente conflito de terra entre posseiros e jagunços com conseqüentes e incontáveis mortes acobertadas. Devido aos ônus sociais gerados pela dívida externa, ocorriam inúmeros protestos de sindicatos e outras associações civis contrários ao seu pagamento, o que levou Sarney a suspender o pagamento dos juros em 1987, até que o governo negociasse com os credores formas mais “justas” de pagamento.
O governo americano, em 1989 declarou que mesmo que nove dos seus maiores bancos perdoassem a divida dos países do Terceiro mundo, como o Brasil, esta permaneceria economicamente estável.
Em 1985 o ministério da fazenda foi assumido pelo empresário Dílson Funaro, que com uma equipe de jovens economista afinada com o ministro do Planejamento João Sayad anunciaram em 1986 à Nação o Plano Cruzado que consistia numa reforma monetária, substituindo o cruzeiro pelo cruzado na razão de 1: 1000, sendo esta reforma substituída pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e a Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN) pela Obrigações do Tesouro Nacional (OTN), com o valor congelado por um ano. Sendo os aluguéis, hipotecas e preços também congelados, este ultimo por tempo indeterminado. Todavia os salários continuavam com um rígido controle estatal, sendo reajustados pelo valor médio dos últimos seis meses mais um abono de 8%, posteriormente reajustado automaticamente quando a inflação atingisse 20%, sendo liberada a negociação de adicionais com os patrões e o seguro desemprego.
Apresentado publicamente este Plano, Sarney convidou a população a fiscalizar os preços dos supermercados, comparando-os a uma lista de produtos tabelados, com isso, após o primeiro mês de vigência do Plano, já foi possível constatar uma redução da inflação e uma retomada gradativa do ritmo de produção e empregos e com o decréscimo dos lucros no setor financeiro, o setor produtivo voltou a receber investimentos, crescendo rapidamente a demanda de consumo pelas famílias que com a estabilidade dos preços planejavam seus gastos. Porém após alguns meses, com  a redução de lucros por parte dos produtores e intermediários, passou-se a diminuir o abastecimento da população, tornado-se escassos a carne, o leite e outros alimentos e afetando a produção nas indústrias com a falta de matérias primas.
Para se reduzir o consumo e aumentar o investimento, o governo lançou um “pacote”, criando empréstimos compulsórios para viagens ao exterior e para o consumo de combustíveis.  
Apesar do Plano Cruzado ter um efeito político positivo, com o aumento da confiabilidade no governo, do ponto de vista econômico, seu desempenho piorava, sendo, após as eleições de 1986, autorizado o aumento de 60% no preço dos combustíveis e reajustados os preços de automóveis, bebidas, açúcar, tarifas de serviços públicos, assim como as negociações nos preços dos alugueis. Em, 1987 na tentativa de negociação com os produtores, o governo chegou a confiscar bois de criadores, liberando também os preços, exceto os constantes na lista do Conselho Interministerial de Preços. Mais uma vez sendo população a maior prejudicada, com a volta das prateleiras cheias nos supermercados e o esvaziamento da mesa da população pobre.
Com o fim do Plano Cruzado a inflação voltou a crescer, assim como a descrença popular no governo, o crescimento inflacionário serviu para reforçar o fracasso das providencias para estabelecer um pacto social entre governo, empresários e trabalhadores. Em maio de 1987, Luiz Carlos Bresser Pereira assumiu o ministério da Fazenda, lançando o Plano Bresser a fim de estabilizar a economia nacional, este plano desvalorizava a moeda e continha os gastos públicos, porém após duras criticas e falta de apoio necessário para suas medidas, o mesmo foi demitido em dezembro de 1987.
Em seu lugar, assumiu Maílson da Nóbrega, que logo anunciou um pacote de medidas fiscais e contenção do déficit público, reduzindo os incentivos fiscais e o parando o pagamento da Unidade de Referencia de Preços (URP) – que era responsável pela correção trimestral de salários, tal medida se estendida a outras categorias, o que provocou longas greves e ações judiciais por se tratarem de direitos adquiridos pelos trabalhadores.
Com a inflação altíssima, o ano de 1988 foi um ano de crise, com o continuo empobrecimento dos trabalhadores, com isso o pacto social voltou a ser cogitado, entretanto as negociações eram difíceis, tendo em vista as divergências entre a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Centrar Geral dos Trabalhadores (CGT) – que dividiam desde 1983 a liderança do movimento sindicalista brasileiro. A CUT se recusava a negociar, pois discordava com a composição da representação dos trabalhadores e entendia que se tratava apenas de uma manutenção do controle dos salários, mas o acordo foi assinado em outubro de 1983 entre os empresários, a CGT e o governo, acordo esse nunca cumprido. Enquanto isso a inflação e o controle estatal sobre os salários continuaram a aumentar, atingindo a mesa do trabalhador, com a cesta básica consumindo 56% do salário mínimo, sendo novamente o preço pago pelos mais pobres.


Atenção, este texto teve como báse o Capitulo III do Livro:
A DÉCADA DE 80 – Brasil, quando a multidão voltou às praças de Marly Rodrigues