domingo, 19 de setembro de 2010

Nitidez invisível


           É cômico para não dizer trágico como as pessoas somente são valorizadas por seus feitos após a morte. Gostaria muito de compreender isso, porque quanto mais leio certas bibliografias, mais percebo a crueldade com que são tratados aqueles que simplesmente não conseguem seguir as massas.
         Sim, todos aqueles que de algum modo não aceita os absurdos que são naturalizados, que se incomodam com a forma que os seres humanos são tratados, uma hora super valorizando o coletivo, ou seja, você é aquilo que o povo quer que você seja, outrora valorizando a subjetividade de cada uma, principalmente com os livros de auto-ajuda, que nada mais dizem do que o "o que importa é você e dane-se o resto do mundo". 
         Aliás, hoje está muito em evidencia esses assunto, os livros de auto ajuda são os mais vendidos em várias livrarias, e ninguém percebe que a necessidade dessa "auto-ajuda" foi criada por uma sociedade que faz com que nos moldemos e deixemos de ser nos mesmos o tempo todo, a depressão, a esquizofrenia, o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), a obesidade, a anorexia, o estresse, doenças tidas como os males do século, nada mais são que frutos do aprisionamento ao qual somos diariamente submetidos, nada mais são do que pedidos de SOCORRO daqueles que não suportam mais viverem uma grande farsa!
         Isso mesmo, uma grande farsa, pois somos induzidos a acreditar que o problema está no individuo que não consegue uma vida melhor porque não gosta de trabalhar ou de estudar (mas ninguém para ver se ele realmente teve acesso à educação), que uma mulher que procura a polícia para denunciar seu marido por agressão física e depois volta pra retirar a queixa é porque é vagabunda que gosta de apanhar (esquecendo que muitas vezes é o canalha que bateu nela quem a sustenta, quem a ameaça de morte e caso ela largue dele ela pode ir morar na rua com seus filhos, pois como ainda vivemos numa sociedade patriarcal, nem sempre a sua família dará o apoio que precisa, isso quando ela tem uma família a quem recorrer), ou então que uma pessoa é obesa mórbida porque não tem falta de vontade, pois para emagrecer basta apenas "fechar a boca" (sem considerar que a sua obesidade pode ser causada por uma doença, ou mesmo sua gula por comida represente uma fuga da pressão diária imposta pela família, amigos e mídia, que exigem que a pessoa emagreça , alegando ser pelo bem de sua saúde, mas não se preocupando com sua saúde mental), isso dentro outros inúmeros estereótipos colocados em cada um que representa a parte feia de uma sociedade alienadora.
         E quando alguém, perplexo, indignado com esses frutos, resolve expor suas críticas, é tratado como louco, como problemático, como estranho, e depois que morre, suas publicações, suas teorias passam a ser centros de discussões acadêmicas, como se o que um determinado autor escrevesse fosse algo indiagnosticavel, invisível e somente um gênio excêntrico poderia se dar conta de determinados acontecimentos, mas novamente não percebem que por se preocuparem demais em uma constante avaliação das consequencias, não percebem que as causas delas são mais nítidas do que elas...

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