terça-feira, 23 de novembro de 2010

Racismo, construído durante mais de 500 anos não acabará da noite pro dia?


  No dia 19/11/10, no site da Radioagência NP, Jorge Américo publicou uma reportagem de conteúdo vergonhoso para os estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, trata-se de uma publicação sobre um deprimente ato de racismo praticado por uma aluna do 5º ano do curso de direito da universidade já citada contra uma colega de classe.
  Conforme reportagem, a aluna Meire denunciou sua colega de classe responsável pelo enviou de e-mails extremamente ofensivos a respeito de sua condição de cor e de classe social, podendo notar isso nos trechos dos e-mails publicados como esses: “Queria te apresentar uma que só depende de vc, ela se chama: Meire, botas já!! É baseada no fato de que estamos cansados de ter que ver o seu pé grotesco!! Sério! Vc devia consultar um podólogo, tenho certeza que o SUS tem um, pq aquilo não pode ser só um joanete, com certeza é uma forma alienígena de vida que se acoplou ao seu pé!! Na boa, pela sua própria saúde, consulte um médico!” e ““Além disso, tbm acho que está na hora de vc trocar o produto que vc usa para emplastar seu cabelo, pq esse já venceu, e o cheiro.... Na boa....É insuportável!” entre outras...
  Enfim, mas o motivo dessa postagem não é falar a respeito desse caso em si, mas trazê-lo como um exemplo da deprimente condição ainda vivida por milhares de negros neste país. Claro que não tenho toda a propriedade para problematizar este assunto devido apesar de ser de origem afro ter a pela branca, portanto nunca ter sofrido pessoalmente esses atos racistas,  todavia não é porque não senti na pela que devo calar-me diante desse absurdo que assola um país que se diz democrático.
  Aliás, ninguém deve se calar, ou desviar o assunto, dizendo que com o ingresso de uma minoria negra a algumas vagas de emprego e de universidade que o racismo acabou em nosso país, pelo contrário, ele está cada dia mais presente, através dos mínimos atos cotidianos. Taís como frases dizendo que tenho um amigo negro que é muito inteligente, como se a tonalidade da pele influencia-se no QI da pessoa (até hoje a ciência não provou nada a respeito), achar que todo negro tem que gostar de pagode e querer ser jogador de  futebol, quando não é bandido perigoso, pois se coloque na seguinte situação: quando você está andando pela rua sozinha(o) e surge um negro de um lado da rua e um branco do mesmo lado que o seu, de quem você vai temer ser um assaltante?
  Não sejamos, é claro, ingênuos em pensar que o racismo acabará da noite pro dia, já que essa infeliz ideia de inferioridade do negro está embutida em nossa sociedade há mais de 500 anos, mas também não podemos cruzar os braços e achar que não podemos mudar isso, não só podemos como devemos, focando na forma com a qual educamos nossas infância e juventude, afinal são eles  o futuro que queremos para o país...
  Afinal que país queremos mesmo? Queremos igualdade racial ou respeito as diferentes raças? Eu quero o respeito pelas diferentes raças, já que igualdade pressupõe uma hegemonia, hegemonia pressupõe um padrão e como padronizar sem podar alguém? E se o que se pretende é acabar com o racismo como definir um padrão de igualdade sem ser racista com alguma raça?
 
 
Eu não me envergonho em dizer que compartilho do sonho de Luter King, que todos sejam julgados por sua personalidade e não pela cor de sua pele!!!

Um comentário:

  1. LINDO TEXTO MARY ARRASOU!!
    pq o recorte da discussão pode ser de classe, mas quem é negro e ocupa os mais variados espaços e as diferentes classes sociais sabe que mesmo estando em condição igual é humilhado pela diferença que está registrada nos seu tom de pele. CHEGA DE RACISMO!!

    NÃO À INTOLERÂNCIA!

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